"A vida não é feia nem bonita, é original“A obra-prima de Svevo [...], que não precisa temer o juízo do tempo.”Eugenio Montale“Último cigarro!” – promete, incontáveis vezes, Zeno Cosini, protagonista e anti-herói deste que é considerado um dos mais importantes romances do século XX. O tabagista Cosini está em tratamento psicanalítico na tentativa de largar o vício e, por sugestão de seu analista, começa a registrar suas memórias numa espécie de autobiografia com fins terapêuticos.Hesitante, pusilânime, neurótico, procrastinador e pouco resoluto, Cosini, um narrador pouco confiável, conta sua vida e seus amores – adornando-os – ao mesmo tempo em que faz reflexões metafísicas (“A vida não é feia nem bonita, é original!”). O resultado é uma narrativa em várias camadas, que oferece uma visão lúcida e por vezes hilária da natureza humana, considerada por muitos o melhor romance italiano de todos os tempos." "1. Nova tradução deste romance psicológico que é um dos grandes clássicos modernos da literatura italiana e da literatura universal, e que atualmente se encontra fora das livrarias brasileiras. 2. Já foi apontado por críticos como Antonio Candido, Davi Arrigucci Jr. e Alfredo Bosi como uma das obras fundamentais da literatura ocidental. 3. De uma forma irônica, por vezes até mesmo cômica, trata da falta de vontade e de determinação, exemplificadas pela dificuldade de Zeno Cosini, o narrador-personagem, em parar de fumar, abordando as fraquezas da natureza humana. 4. Seguindo a recomendação do terapeuta, Zeno, que está sempre tentando fumar “o último cigarro”, inicia a redação de suas memórias. Assim, temos uma história contada por um narrador nem um pouco confiável, ao melhor estilo do grande clássico brasileiro Memórias póstumas de Brás Cubas. Também pela moldura narrativa o livro se insere entre na literatura moderna e contemporânea. 5. Publicado pela primeira vez em 1923, costuma ser apontado como primeiro “romance psicanalítico”, no sentido de apresentar um processo psicanalítico como central na sua trama. O próprio Svevo era leitor atento de Sigmund Freud. 6. Italo Svevo, judeu de nascimento, deu origem a uma linhagem literária que inclui Philip Roth (em especial, seu livro O complexo de Portnoy) e Saul Bellow. Atualmente, todos seus livros estão fora das livrarias brasileiras. 7. Svevo, inicialmente seu aluno de inglês, tornou-se amigo de James Joyce, no período em que este viveu em Trieste. Há quem diga que Svevo serviu de modelo para o personagem Leopold Bloom, do Ulisses, de Joyce. Após a publicação de sua obra-prima, em 1922, Joyce usou de seu recém-adquirido prestígio para promover a obra de seu amigo, que finalmente foi publicada na França, em 1927, onde Svevo foi saudado como o “Proust italiano”."
Sobre os autores(as)
Svevo, Italo
Italo Svevo é o pseudônimo do italiano Aron Ettore Schmitz. Svevo nasceu em Trieste, em 1861, e morreu num desastre de automóvel, em 1928. Filho de pai alemão e mãe italiana, viveu na confluência de duas culturas, em um ambiente cosmopolita, mergulhado nos agudos problemas de uma época de grandes transformações. Autor de romances, contos e peças teatrais, é considerado um dos renovadores da narrativa italiana moderna. Seu primeiro romance, Uma vida, é de 1892; o segundo, Senilidade, é de 1898. A consciência de Zeno, seu texto mais conhecido, veio a público em 1923, numa edição custeada pelo próprio autor. |
Pinheiro Machado, Ivan
Capa: Ivan Pinheiro Machado sobre a pintura “Retrato de Dante” (1495), Sandro Boticelli 47 x 57 cm, têmpera sobre madeira. Coleção particular, Genebra, Suiça. |