Nesta autoficção transgressora e despudorada, clássico da literatura marginal, o escritor e compositor Luís Capucho mergulha o leitor na penumbra. É um relato confessional que se passa quase inteiramente na sala de exibição de filmes pornográficos do título
Corre a década de 1990, quando o local, no centro do Rio de Janeiro, havia se transformado em endereço de encontros homossexuais, enquanto na tela eram exibidos filmes de pornografia hetero. Entre homens e travestis, e uma única mulher que vendia balas e cigarros, o prazer é obtido furtivamente, sob a parca luz da projeção.
O livro se baseia na experiência do autor e em sua observação detalhada do dia a dia do local e seus frequentadores. O cinema Orly é, para o autor, um paraíso e um inferno. Reinam os fluidos e a genitália exposta. E as incursões entre as fileiras de poltronas se tornam uma rotina na vida do narrador, que antes de cada visita passa por um botequim para beber uma cerveja e uma dose de conhaque.
Capucho entremeia a narrativa com letras de músicas que ele compõe de acordo com suas vivências. Para o narrador, a experiência de frequentar o cinema de “pegação” significa provar do mais radical anonimato, ser apenas uma imagem sem alma. No entanto, o cinema Orly tem uma surpreendente face civilizatória: policiais entram de quando em quando na sala de exibição e não interagem com ninguém. Tornam, assim, a plateia do cinema um espaço de sociabilização, um terreno preservado da violência urbana e dos sobressaltos do cotidiano. Tudo é ao mesmo tempo previsível e inesperado. “O cinema havia desenvolvido suas próprias regras”, escreve o autor. “No seu subterrâneo, dentro de sua bolha, fazíamos parte de outro mundo, cuja higiene, noção ética, amplitude, atmosfera, gravidade, cor, movimento e abordagem social eram parte de um mundo diferente do mundo lá fora.”
É professora de Literatura Brasileira no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH da Universidade de São Paulo (USP), onde se graduou em Ciências Sociais (1984), e defendeu mestrado (1990) e doutorado (1996) em Filosofia. Foi professora titular da Faculdade de Comunicação e Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC - SP) e também atuou como professora visitante nas universidades da California em Los Angeles (UCLA - USA), de Paris Ouest Nanterre La Défense (PARIS 10 - FR), de Perpignan Via Domitia (UPVD - FR) e Nova de Lisboa (UNL - PT). Realizou pesquisas e publicou trabalhos sobre o Marquês de Sade e a literatura libertina do século XVIII europeu; sobre Georges Bataille e o surrealismo francês; sobre o erotismo modernista na França e no Brasil; sobre a poesia erótica brasileira; sobre Mário de Andrade e Hilda Hilst . Atualmente se dedica a investigar figuras do excesso na prosa de ficção brasileira do século XX. Orienta trabalhos em nível de Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado, além de supervisionar estágios de pós-doutorado. Publicou pela Ateliê Editorial a obra Antologia da Poesia Erótica Brasileira. |
Luís Capucho nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, em 1962. Autor de diversos livros – dentre eles Rato (2007), Mamãe me adora (2012), Diário da piscina (2017) e Cartas para o Edil (2023) –, é também cantor e compositor e deu aulas em escola pública. Desde os 13 anos vive em Niterói, onde se graduou em letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Cinema Orly foi seu primeiro livro, e a primeira edição, de 1999, ganhou o prêmio Arco-Íris dos Direitos Humanos (2005). A obra recebeu versão para o espanhol em 2022. Em 2017, o autor recebeu a medalha José Cândido de Carvalho pela Câmara Municipal de Niterói por sua obra literária. No início dos anos 1990 teve composições suas – em parceria com Mathilda Kóvak e Suely Mesquita, entre outros – gravadas por nomes como Cassia Eller, Pedro Luís e Arícia Mess. Entre suas canções mais conhecidas estão “Maluca”, “Máquina de escrever”, “O amor é sacanagem” e “Eu quero ser sua mãe”. Em 2003, lançou seu primeiro álbum, Lua singela, que foram seguidos por Cinema Íris (2012), Antigo (2012), Poema maldito (2014), Crocodilo (2019) e La vida es libre (2023). Em 2023 teve sua vida e obra retratadas no filme Peixe abissal, documentário dirigido por Rafael Saar e selecionado para a 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes. |
Bruno Cosentino é cantor e compositor, com cinco álbuns lançados, entre eles Corpos são feitos pra encaixar e depois morrer (2017) e Bad Bahia (2020). É doutor em literatura brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pesquisa sobre amor e erotismo em Vinicius de Moraes. Criador e editor da revista Polivox, dedicada à canção brasileira contemporânea. Trabalha na coordenadoria de literatura do Instituto Moreira Salles (IMS). |
ISBN | 9786554610421 |
Autores | Capucho, Luís (Autor) ; Moraes, Eliane Robert (Posfácio) ; Cosentino, Bruno (Posfácio) ; Lotufo, Laura (Design) |
Editora | Carambaia |
Coleção/Serie | Sete Chaves |
Idioma | Português |
Edição | 1 |
Ano de edição | 2023 |
Páginas | 180 |
Acabamento | Capa Dura |
Dimensões | 18,00 X 13,00 |
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