"A maioria dos livros introdutórios sobre teoria ou análise literária comete o mesmo pecado capital: tentar normatizar e prender numa grade de critérios fixos algo que é de uma riqueza vastíssima, viva, subjetiva e variável, como são as grandes obras da literatura. Terry Eagleton, professor e crítico de larga experiência, autor de Teoria da literatura: uma introdução (até hoje uma das grandes referências na área), não incorre nesse erro. Em Como ler literatura, embora seja uma obra introdutória, vemos que o autor não apenas conhece muito bem sua matéria, como tem sensibilidade suficiente para não matar o objeto de estudo ao dissecá-lo.Sempre tratando a literatura como parte da cultura humana, Eagleton mostra a importância e a riqueza de se atentar, quando lemos, para aspectos como ritmo, sintaxe, alusões, ambiguidade, enredo, narrativa etc. – que tanto podem acrescentar à nossa fruição. Shakespeare, Conrad, Nabokov, Dante Alighieri, Dickens, Jane Austen, Milton, Sófocles e J.K. Rowling são alguns dos autores frequentados, dos quais faz análises brilhantes e instigantes, sempre com a clareza que lhe é característica. Diferentemente de muitos críticos e acadêmicos, o autor não coloca a literatura canônica num pedestal inalcançável; antes, lança mão de elementos da cultura popular para melhor expor suas ideias. Neste texto ao mesmo tempo sofisticado e bem-humorado, temos a obra da maturidade de um grande crítico, de um grande pensador, que nos contagia com sua sabedoria humanista." 1) Obra de divulgação divertida, engraçada e absolutamente inteligente sobre a natureza da literatura e sobre como podemos ler obras literárias de forma mais aprofundada, apreciando melhor sua riqueza e suas várias camadas.2) Em cada um dos cinco grandes capítulos – Inícios, Personagem, Narrativa, Interpretação e Valor – o autor aborda uma faceta de obras ficcionais, sempre lançando mão de escritores conhecidos do público, de Shakespeare a J.K. Rowling (Harry Potter). Ao analisar um texto literário, fornece as informações básicas para que o leitor que não o leu compreenda a análise. Outros autores citados: George Orwell, Vladimir Nabokov, Emily e Charlotte Brontë, E. M. Forster, Charles Dickens etc. 3) O autor dispensa citações e pesadas referências de estudiosos e teóricos - tanto que o livro sequer tem uma bibliografia! Como os melhores professores, ele consegue o feito de transmitir ideias complexas com uma linguagem muito simples.4) São abordadas de forma franca e direta questões que causam perplexidade até mesmo nos leitores mais experientes: as diferenças (nem sempre óbvias) entre autor e narrador; gosto pessoal x valor literário; os critérios da arte x critérios éticos; narrativa x enredo; os aspectos de continuidade e de ruptura da literatura (Eagleton afirma que nenhuma obra é puramente de continuidade nem puramente disruptiva). 5) Temos aqui o melhor de um dos críticos literários e comentador de cultura e política mais respeitados da atualidade e bastante conhecido no Brasil – principalmente na academia -, com vários livros publicados, como A ideia de cultura, A morte de Deus na cultura e A tarefa do crítico. Foi um dos pais da disciplina de Estudos Culturais, área de estudo surgido nos anos 1950 que abriu novas possibilidades de intersecção entre letras e ciências humanas.6) O britânico Eagleton, com 76 anos, está no seu auge. Após mais de meio século de estudo, leituras e pesquisas, mostra-se à vontade para tratar a literatura não de forma acadêmica e “séria”, mas do jeito amistoso de um verdadeiro apaixonado que não precisa provar mais nada; sua forma de abordar romances, poemas e epopeias é o mais prática e deliciosa possível, sempre aproximando o leitor dos textos analisados (algo que falta na maior parte dos textos de teoria e crítica literária), chegando até a desmontar algumas críticas suas, escritas décadas atrás.7) Eagleton mobiliza não só sua bagagem de leitura, mas seu conhecimento da cultura e da filosofia para interpretar obras e autores (principalmente da língua inglesa). Também lança mão de referências populares que aproximam o leitor: como a Bíblia, filmes de terror, Os Simpsons e... Donald Trump.8) O autor contraria a sisudez contumaz dos críticos literários em vários momentos. Ao longo do livro, estão espalhadas tiradas ótimas que ilustram bem o potencial da literatura: “Como observou Oscar Wilde, na arte uma coisa pode ser verdade e o contrário também”.9) Obra voltada para os amantes de literatura em geral e também para professores e alunos da área de letras.
Sobre o autor(a)
Eagleton, Terry
Terry Eagleton é professor de Literatura Inglesa da Universidade de Oxford. Entre seus vários trabalhos publicados no Brasil, destacam-se Ideologia: uma introdução (Editora Unesp/Boitempo, 1997), Marx e a liberdade (Editora Unesp, 2002), A tarefa do crítico (Editora Unesp, 2010), A ideia de cultura (Editora Unesp, 2.ed., 2011), Doce violência: A ideia do trágico (Editora Unesp, 2013), O sentido da vida: uma brevíssima introdução (Editora Unesp, 2021), Sobre o mal (Editora Unesp, 2022) e Esperança sem otimismo (Editora Unesp, 2023). |