Em Construir o inimigo e outros escritos ocasionais, uma reunião de ensaios sobre arte e cultura, Umberto Eco fala sobre a nossa necessidade de ter — ou, se necessário, inventar — um inimigo. “Ter um inimigo é importante não somente para definir a nossa identidade, mas também para encontrar o obstáculo em relação ao qual medir nosso sistema de valores e mostrar, no confronto, o nosso próprio valor. Portanto, quando o inimigo não existe, é preciso construí-lo”, afirma Eco. A situação mundial do nosso tempo, marcada por uma polarização política feroz, revela como é oportuno e inevitável conhecer os mecanismos que levam os homens a identificar sempre novos adversários.Em ensaios de extraordinária relevância, Umberto Eco reflete sobre a nossa necessidade de ter, sempre e em qualquer caso, um inimigo a atacar: seja nas invectivas dos oratórios antigos, na brilhante digressão literária que atravessa a Ilíada, nos romances de James Bond, na caça às bruxas, na propaganda de guerra do passado ou nos populismos do presente. Construir o inimigo e outros escritos ocasionais aborda tópicos sobre os quais Umberto Eco escreveu e palestrou em seus últimos anos: a ideia de que todo país precisa de um inimigo — e, na sua ausência, deve inventá-lo —; discussões sobre temas que inspiraram seus primeiros romances, levando-nos, ao longo do processo, a explorar ilhas perdidas, reinos míticos e o mundo medieval; resenhas indignadas a respeitos de Ulisses, de James Joyce, e de jornalistas fascistas das décadas de 1930 e 1940; uma análise das noções de Santo Tomás de Aquino sobre a alma dos que ainda não nasceram; e muitos outros temas, como censura, violência e o WikiLeaks. Umberto Eco (Alexandria, 1932 - Milão, 2016) foi filósofo, medievalista, semiólogo, crítico literário e midiólogo. Estreou na ficção narrativa com O nome da rosa, seguido de O pêndulo de Foucault, A ilha do dia anterior, Baudolino, A misteriosa chama da rainha Loana, O cemitério de Praga e Número zero. Entre suas numerosas obras ensaísticas (acadêmicas ou não), recordamos: Tratado geral de semiótica, Os limites da interpretação, Kant e o ornitorrinco, Da árvore ao labirinto, Quase a mesma coisa e A definição da arte. Publicou os volumes ilustrados História da beleza, História da feiura, A vertigem das listas e História das terras e lugares lendários. Reconhecido como um dos mais importantes escritores e pensadores dos últimos tempos, grande parte da sua obra se encontra publicada no Brasil pela Editora Record.
Sobre o autor(a)
Eco, Umberto
Foi filósofo, medievalista, linguista e ficcionista. Professor da Universidade de Bolonha, projetou-se internacionalmente como semioticista a partir dos anos 1960, com ensaios que buscavam interpretar as culturas por meio de seus signos e símbolos, além de textos fundamentais na área como o Tratado Geral de Semiótica. Notabilizou-se ainda pelos estudos acerca da cultura de massa, como em Apocalípticos e Integrados, Lector in Fabula, O Super-Homem de Massa, dentre numerosas obras acadêmicas e não acadêmicas, nas quais sempre se faz notar uma verve muito particular. Sua coletânea de ensaios, Obra Aberta, estabeleceu a noção de abertura e infinitude do texto literário a múltiplas interpretações. Estreou na ficção em 1980 com O Nome da Rosa, um romance erudito cujo sucesso o tornou conhecido também do público geral. |