Submundo é um manuscrito inédito de Abdias Nascimento, produzido no início dos anos quarenta, durante seu período como detento no Carandiru. Documento histórico de valor inestimável, analisa a mentalidade de uma época e é registro indispensável para entender a trajetória política e intelectual de um dos maiores pensadores brasileiros do século XX.
Relato tocante e surpreendente que costura depoimento pessoal, imaginação sociológica e narrativa biográfica, Submundo é um livro único. Abdias ora narra, ora cede a palavra aos companheiros de cárcere; ouve confissões, pergunta, pondera, se compadece. Entremeado na história, o autor faz uma rara e preciosa reconstrução da gênese do Teatro do Sentenciado, antecessor do TEN (Teatro Experimental do Negro), que viria a se tornar um marco na história da dramaturgia brasileira.
Conforme reconstrói a vida de seus personagens, Abdias apresenta de forma crítica a reforma pelo qual passava o sistema prisional na década de 1940. Essa modernização, ele observa, se dava junto com o enraizamento do racismo científico na criminologia e, por extensão, na dinâmica do sistema carcerário e judicial. É um olhar que mapeia e antecipa elementos fundamentais de futuros debates sobre racismo e encarceramento em massa.
Oficialmente, Abdias foi condenado por uma infração administrativa cometida quando prestara serviço militar. Sua prisão, porém, cheirava a perseguição política da ditadura Vargas e sua profunda intolerância com o movimento negro, do qual Abdias era já reconhecido líder. Eis por que, mais do que tudo, Submundo é um exercício de subversão. Homem negro, Abdias reivindica a perspectiva do preso e a pergunta que nos faz, com alguma ironia, é: sentenciado por qual crime?
“Abdias foi um cronista de seu tempo, um ativista que, com armas que ainda não existiam no Brasil, tentou mudar a realidade de exclusão do povo negro e dar dignidade à presença negra nos palcos e nas telas. Submundo dá mostra disso no sensível testemunho sobre a criação do Teatro do Sentenciado e ao falar de questões do encarceramento que até hoje estão vivas.” — Lázaro Ramos
Foi escritor, professor, artista plástico e político. Criou em 1944 o Teatro Experimental do Negro – TEN, entidade que rompeu a barreira racial no teatro brasileiro. Como ativista, publicou o jornal Quilombo, além de organizar eventos seminais como o I Congresso do Negro Brasileiro (1950). Após fundar, em 1968, o Museu de Arte Negra, lecionou nas universidades Yale, Wesleyan, Temple, na Universidade do Estado de Nova York (EUA, de onde foi professor emérito) e na Universidade de Ifé (Nigéria). Participou de importantes congressos e encontros do mundo africano, levando ao âmbito internacional a, então inédita, denúncia do racismo no Brasil. Após o exílio decorrente da ditadura militar, entrou para a política e se elegeu deputado federal (1983-1986) e senador (1991; 1997-1999) pelo PDT. Já nas artes plásticas, realizou exposições individuais no Palácio de Cultura Gustavo Capanema (1988), no Salão Negro do Congresso Nacional (1997) e na Galeria Debret (Paris, 1998).É autor, entre outros, de Sortilégio (1959/1979, com reedição em 2022 pela Perspectiva), Dramas Para Negros e Prólogo Para Brancos (1961), O Negro Revoltado (1968/1982), O Genocídio do Negro Brasileiro (1978, com reedição em 2016 pela Perspectiva), Sitiado em Lagos (1981, com reedição em 2024 pela Perspectiva), Axés do Sangue e da Esperança (1983), Orixás: Os Deuses Vivos da África (1995), e O Brasil na Mira do Pan-Africanismo (2002). O Quilombismo: Documentos de Uma Militância Pan-Africanista (2002, Perspectiva, 2019). |
Mestre em Direito e em Ciências Sociais pela Universidade do Estado de Nova York(EUA) e doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). Preside o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), que fundou com Abdias Nascimento em 1981. O Ipeafro guarda o acervo de Abdias e das instituições que ele criou. Com base nesse acervo, o Ipeafro idealiza e organiza cursos, exposições e fóruns de educadores sobre o ensino da história e cultura de matriz africana. Curadora de exposições que mostram o conteúdo do acervo, Elisa Larkin Nascimento escreveu e organizou diversos livros sobre a cultura e história africana e afro-brasileira, inclusive os cinco volumes da Coleção Sankofa. |
ISBN | 9786559791101 |
Autores | Nascimento, Abdias (Autor) ; Longo, Celso (Design) ; Trench, Daniel (Design) ; Carrascosa, Denise (Prefácio) ; Nascimento, Elisa Larkin (Posfácio) |
Editora | Jorge Zahar Editor |
Idioma | Português |
Edição | 1 |
Ano de edição | 2023 |
Páginas | 320 |
Acabamento | Brochura |
Dimensões | 21,00 X 14,00 |
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